terça-feira, 2 de junho de 2009

02/06/09 - 13h45


Subsidiária reforça independência e anuncia novos investimentos.
Executivo diz que empresa não será afetada pela reestruturação da matriz.

Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Caetano do Sul (SP)

"Vamos mudar de dono, ser parte da 'nova GM'. Mas não somos parte do processo de recuperação judicial". Com essa afirmação, o presidente da General Motors do Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, garantiu nesta terça-feira (2) que a subsidiária não será afetada pelo processo de reestruturação da matriz.
Em entrevista concedida na fábrica da montadora em São Caetano do Sul, no ABC paulista, Ardila acrescentou que a GM do Brasil mantém os investimentos no país que chegam hoje a US$ 2,5 bilhões - que começaram a ser aplicados em 2007 e vão até 2012.

O valor será voltado para o desenvolvimento de novos produtos e ampliação de fábrica. De acordo com o presidente da GM do Brasil e Mercosul, o Brasil além de ter recursos próprios para realizar os investimentos, vende serviços de engenharia e design para outras fábricas da montadora pelo mundo.


Assim, nos últimos três anos, arrecadou receita líquida de US$ 430 milhões. "Somente em 2008, tivemos renda de US$ 165 milhões em serviços tecnológicos prestados para fábricas em outros países", observou Ardila sobre a independência financeira da subsidiária. Desde 2005, quando as operações no país voltaram a lucrar, a GMB não recebe recursos da matriz.

Mercado brasileiro

Ardila reforça ainda que o mercado brasileiro continua a ser o terceiro mais importante para a montadora. Segundo ele, a marca Chevrolet registrou em maio a venda de 47.800 unidades, ou seja, superou em 2% as vendas de maio de 2008, que havia sido um dos melhores meses em vendas para a montadora, e 17% acima de abril de 2009.

"Temos uma confiança muito grande que o mercado brasileiro vá continuar forte", afirma Ardila. Segundo ele, a GM continua com participação de mercado acima de 20% no Brasil, o que é meta da montadora.

O protótipo Chevrolet GPiX poderá servir de base para o projeto Viva (Foto: Daigo Oliva/G1)

Reforço de US$ 1 bilhão

Dos US$ 2,5 bilhões que a GM investe no país, US$ 1 bilhão foi anunciado hoje como reforço que, segundo o executivo, a GM do Brasil tem recursos próprios para isso, entretanto, vai avaliar no futuro se irá financiar uma parte em bancos como o BNDES e o Banco do Brasil.

O que a GM pode divulgar agora é que US$ 500 milhões deste total já foram investidos no projeto Viva - uma nova linha de automóveis - que terá como base o conceito GPiX exibido no Salão do Automóvel de São Paulo de 2008. O primeiro produto da nova linha, um hatch nos padrões do Corsa, começa a ser fabricado na Argentina no segundo semestre deste ano. Este será o principal lançamento da General Motors no Mercosul. Para 2010, estão previstos mais quatro lançamentos, entre eles, mais um modelo da linha Viva.

Linha de montagem da GM de São Caetano do Sul (Foto: Divulgação)

Outra parte do investimento será destinada para a nova fábrica de motores de Joinville (SC), que aguarda autorização ambiental para terminar a terraplanagem e começar a construção das estruturas.

Outros US$ 500 milhões serão voltados para o desenvolvimento de novas plataformas de veículos para projetos futuros.

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Montadoras confirmam novos investimentos no país, diz Miguel Jorge

Empregos

Jaime Ardila afirma que as fábricas da GM no país estão produzindo em capacidade máxima, mas isso não significa que a empresa vá fazer novas contratações. Segundo o presidente da GM do Brasil, a montadora está em negociação com sindicatos do setor automotivo para aumentar as horas trabalhadas. "Garantimos ao governo que iríamos manter os níveis de emprego até o momento em que o benefício da redução do IPI fosse prorrogado. Quando esse benefício acabar (a previsão é 30 de junho), vamos ver como o mercado vai se comportar e se iremos fazer novos contratos fixos ou temporários."

Jaime Ardila, presidente da GM do Brasil (Foto: Divulgação)

Opel

Em relação à venda de parte da Opel - 35% da filial européia continuará sendo da GM, 10% serão dos funcionários da montadora, 20% da Magna e 35% do banco russo Sberbank - Ardila destaca que nada será mudado. Segundo ele, o Brasil trará apenas uma plataforma desenvolvida na Europa. Como a engenharia da GM é globalizada, o país poderá tanto desenvolver novos produtos quanto importar de qualquer outro país que tenha um centro de engenharia. Ou seja, a Chevrolet não depende da engenharia da Opel para ter produtos. "O Meriva, por exemplo, foi desenvolvido no Brasil e logo depois foi para o mercado europeu", exemplifica Ardila.

O executivo reforça que a GM do Brasil deverá optar por projetos desenvolvidos na Coreia do Sul. Em relação às importações de produtos dos Estados Unidos, Ardila diz que é possível que cheguem veículos fabricados nas plantas norte-americanas apenas para complementar a linha de produtos. O volume seria abaixo de 15 mil unidades por ano.

Fonte: G1

segunda-feira, 1 de junho de 2009

01/06/2009 - 09h50 - Fonte: UOL

General Motors, ícone dos EUA e do capitalismo, anuncia concordata

Da Redação
Em São Paulo

A cententária fabricante de automóveis General Motors, um ícone da sociedade norte-americana e do capitalismo global, recorreu nesta segunda-feira à concordata Tribunal de Falências do distrito sul de Nova York, segundo um documento divulgado no site do tribunal.

Nos Estados Unidos, a Lei de Proteção à Falência equivale à antiga concordata no Brasil, agora chamada por aqui de recuperação judicial.A concordata não significa que a empresa vai fechar. O que acontece é que ela ganhará um tempo para tentar se recuperar. A dívida não-assegurada está avaliada em US$ 27,2 bilhões.


A General Motors, que já foi considerada símbolo da força e do dinamismo econômico norte-americano, agora caminha para uma nova e incerta era de controle estatal.

AFP - 27.abr.09
O presidente da GM, Fritz Henderson
O pedido de proteção contra falência é o terceiro maior da história dos Estados Unidos e o maior já feito pela indústria manufatureira do país, em termos de ativos da empresa. A GM tinha em março US$ 82 bilhões em ativos.

O banco de investimentos Lehman Brothers (que quebrou em 2008 e é o primeiro da lista) tinha US$ 691 bilhões em ativos. A segunda empresa foi a empresa de telecomunicações WorldCom, com cerca de US$ 104 bilhões, em processo de 2002.

A decisão de forçar a GM em direção a um rápido processo de concordata, e fornecer US$ 30 bilhões em fundos adicionais dos contribuintes para reestruturar a montadora, é uma aposta grande e arriscada da governo de Barack Obama.

A administração Obama calcula que a GM permaneça em concordata "entre 60 e 90 dias" e acrescentou que não será tão rápido como com a Chrysler porque é mais complicada, mas que o processo seguirá as mesmas linhas que o acontecido com o terceiro fabricante americano de automóveis.

OS PRINCIPAIS FATOS SOBRE A HISTÓRIA DA GM
General Motors é fundada em 16 de setembro de 1908, por William Durant
Quando foi criada, a GM era dona apenas da fábrica de motores Buick. Mais tarde, outras 20 empresas seriam compradas, entre elas Oldsmobile, Cadillac e Oakland, hoje conhecida como Pontiac
A Opel, braço da GM na Europa, foi fundada no fim do século 19 e começou como uma fabricante de máquinas de costura. Foi anexada em 1929
Com a popularização dos automóveis, a GM desenvolveu a estratégia "um carro para cada bolso"
Na 2ª guerra mundial, produziu mais de US$ 12 bilhões em aviões, tanques e caminhões para os Aliados. Aquele foi considerado o momento em que a montadora deslanchou

Fonte: General Motors

A GM necessitava que os detentores de bônus que representam pelo menos 90% da dívida não assegurada aceitassem cancelar esse número em troca de obter até 25% do conjunto de acionistas da nova GM.

Apesar disso, a General Motors confirmou que seu plano de reestruturação conta com o respaldo de "mais de 54% dos detentores de bônus" o que lhe permitirá proceder com a proposta de venda 363.

Segundo explicou a Casa Branca, a reestruturação significará a criação de uma nova General Motors que comprará "substancialmente todos os ativos da velha GM que necessita para implementar seu plano de negócios".

Em troca, o governo americano "renunciará" a recuperar a maioria de seus empréstimos.

O fundo destinado a proporcionar serviço de saúde aos aposentados da GM, denominado Veba, receberá 17,5% do conjunto de acionistas da nova GM e garantias para a compra de outros 2,5%.

O Veba terá direito de escolher um dos integrantes independentes do conselho de administração que não terá direito a voto ou outros direitos no comando da companhia.

O governo americano receberá cerca de 60% do conjunto de acionistas da nova GM e direito a nomear os membros iniciais do conselho de administração.

Além disso, as autoridades canadenses (o governo federal e o da província de Ontário) emprestarão US$ 9,5 bilhões à empresa por isso que ostentarão 12% do conjunto de acionistas da nova GM e terão direito a escolher um membro do conselho de administração.

Os 10% restantes irão para os credores com garantias para que possam assumir até 25%.

A GENERAL MOTORS NO BRASIL
A GM chegou ao Brasil em 1925 para montar os veículos importados dos EUA. Sua marca usada aqui é Chevrolet
A empresa começou a funcionar em galpões alugados no histórico bairro do Ipiranga, em São Paulo
A General Motors do Brasil é a maior subsidiária da Corporação na América do Sul e a segunda maior operação fora dos Estados Unidos
No começo, as atividades consistiam na montagem de veículos importados dos Estados Unidos. Após cinco anos, a GMB inaugurava oficialmente, em 1930, sua primeira fábrica, em São Caetano do Sul, no ABC paulista
Em 1958 começou a operar a segunda fábrica, em São José dos Campos (SP), inaugurada oficialmente um ano depois pelo então presidente da República Juscelino Kubitschek
Lançou em 1968 o seu primeiro automóvel da marca Chevrolet no país, o Opala, que encerrou seu ciclo de vida 24 anos depois, com mais de 1 milhão de unidades vendidas
Em 1973 lançou o Chevette, que acumulou vendas superiores a 1,2 milhão de unidades, até ser substituído pelo Corsa em 1994, primeiro veículo popular com injeção eletrônica de combustível
Em julho de 2000 inaugurou o Complexo Industrial de Gravataí, no Rio Grande do Sul, , onde é produzida a linha Celta
Fonte: General Motors


O funcionário da Casa Branca repetiu em várias ocasiões que "o governo americano não tem nenhum desejo de possuir participação acionária em empresas privadas mais tempo do que o necessário" e que o Departamento do Tesouro se desprenderá de sua participação na GM tão breve quanto seja possível.

Mas também advertiu que o Tesouro "não tem planos" para proporcionar mais ajuda financeira a General Motors além da nova injeção de capital de US$ 30,1 bilhões.

(Com informações de AFP, EFE e Reuters)